domingo, 15 de maio de 2011

A primeira viagem de avião da Lena e “Minestrone”

Avião bimotor Electra, da VARIG, levou a Lena até o seu destino
Após a confirmação do convite e a garantia do amigo Beneamin* (sic) de que a casa do amigo Mário Feio em Fortaleza era a de uma família respeitável, a Lena se preparou para atravessar o país e viver a sua história de amor.
Trabalhou muito e gastou pouco durante meses, até juntar o dinheiro necessário para as passagens. Não sei dizer exatamente em que dia e em que mês do ano de 1963 foi a viagem, apenas sei que a Lena embarcou seus sonhos e toda a sua curiosidade em um avião bimotor da VARIG, um electra.
No caminho, como dissemos antes, houve uma descida no Aeroporto de Brasília.
Depois de algum tempo, os passageiros do Voo VARIG foram avisados de que, por razões técnicas, deveriam passar a noite em um hotel, às expensas da companhia, e tornar a embarcar novamente com destino a Fortaleza no dia seguinte. 
Naquela época, a recém inaugurada Capital Federal estava ainda encoberta por terra vermelha e com a presença do exército nas obras, porém, esbanjava glamour e tudo era novidade.

Talvez tenha sido a primeira em vez que a Maria Helena Pinheiro dormiria em um hotel, ainda mais tão longe de casa.
Seguramente era a primeira vez em que estava hospedada em um quarto de hotel com tanto luxo.
Com todas as despesas pagas, a Lena se viu diante de uma situação inusitada: o cardápio para escolher o jantar.
Essa história ela me contou rindo muito.
Havia muita coisa escrita naquele menu, muitos nomes de pratos, a maioria em língua estrangeira.
Ela, claro, teve vergonha de perguntar o que eram. Leu uma, duas vezes o cardápio e encontrou escrita a palavra “Minestrone”. 
Parou e pensou que era alguma coisa chique, boa de se comer, afinal. Chamou o garçom, uniformizado e formal e disse: “Para mim, Minestrone”.
O garçom retornou um tempo depois, tempo suficiente para a Lena, com fome, imaginar que coisa gostosa estaria saboreando dali a pouco.
Quando abriu a tampa sobre a bandeja, ela descobriu o que havia pedido e saboreou, sem outra alternativa, Minestrone, ou seja, sopa de feijão
E a futura mãe do Marcus e da Cristina seguiu viagem para o Nordeste no dia seguinte, pronta para conhecer seu admirador das cartas e dar início a nossa história.

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