sexta-feira, 23 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Joventino Pinheiro e amigos


Vô Tinto, o segundo da esquerda para a direita

Chevette, o Primeiro carro do Marcus

Marcus posa feliz com o carro, casa do Tio Raul, Caxias do Sul
Quando o Marcus comparceu à entrevista no laboratório e seguiu todas as regras previstas para passar nos testes impostos, além de comprar um terno às pressas e de a Lena lavar todas as noites a mesma e única camisa social para o trabalho no dia seguinte, também teve de adquirir um carro, obviamente, sem reunir condições financeiras para isso.

Pouca gente sabe dessa fase da vida do Marcus, pois foram lutas silenciosas que ele e a Lena travaram juntos, acordando muito cedo(muito mesmo) e conversando sobre os passos que seriam dados.
Ao ser confirmada a vaga no Laboratório Aché, o Marcus seguiu pela Avenida Assis Brasil, naquela região do Sarandi onde há várias revendas de carros e - só Deus sabe como - encaminhou os papeis para o financiamento do Chevette.
Aliás, mais do que isso: após assinar o contrato com prestações que comprometiam quase todo o futuro salário, o Marcus embarcou no carro e dirigiu para casa.

Pode parecer uma coisa simples, só que o mais importante não foi dito: apesar de várias aulas com o Seu Breno (Breno Rabello, grande figura, nosso vizinho, amigo e fã do Marcus) e algumas no fusca da Rose, o Marcus não sabia dirigir. Nunca tinha saído sozinho e não tinha carteira de motorista!

Lembro daquele final de tarde, em que o carro jazia parado na frente da casa, na meia-lua em frente a nossa casa no IAPI e que os adultos andavam em volta do carro e davam batidas nas costas do Marcus, todos rindo muito da insólita situação.

Me vem à memória o Tio Saul e ele conversando. O Marcus contava que, quando bicou o carro na entrada do Seu Breno (nunca tivemos entrada para automóveis na nossa casa, como tinha sido previsto pelo Vô Tinto, trinta anos antes), sentia as costas encharcadas com o suor do nervosismo em dirigir sozinho no trânsito da Volta do Guerino. Numa daquelas brincadeiras de Pinheiro, o Tio perguntou se ele também não tinha sentido "as calças cheias" quando entrou em casa...
O Tio Saul perguntou a ele por que não havia telefonado, pedido ajuda e ele teria ido buscar o carro para ele, várias pessoas disseram isso. Ora, para quem conheceu o Marcus, ou a Maria Helena, sabe que pedir ajuda estava fora de questão. Seria declarar impotência, ou alguma sorte de incompetência, não é mesmo?  e isso nunca nos foi ensinado.

Claro que, no novo emprego, ninguém sabia disso. Se não me engano, foi também o Alexandre, nosso primo, que levou o carro até a Polícia de Trânsito, lá na Avenida Ipiranga, para poder, finalmente, tirar a carteira, cerca de um mês depois desse evento. Ou seja, o Marcus saía para trabalhar todos os dias, nunca faltou a nenhum ponto de encontro, 8:00 da manhã e 13:30 da tarde, ia com o carrinho e voltava todas as tardes, porém, a carteira que o autorizaria a rodar o dia inteiro, só veio cerca de um mês depois.

Foto: Pelo sorriso do Marcus, acho que a fotógrafa foi a Claudia Maria Pinheiro, nossa prima, ou a Lena, numa Kodak 126, a câmera da época.