quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nasce o cachorro mais famoso da família Pinheiro: o BANZÉ


























Não esperem conhecer aqui apenas uma história de cachorro, pois o Banzé não era apenas um canino. Ele era o cachorro da Vó Ecilda, fazia parte da família Pinheiro e, após 1978, veio a fazer parte da família Feio de Lemos também.
Em fins de 1972, em Caxias do Sul, mais precisamente no porão da Rua Inocente de Carli, 1085, nascia um cachorro de pelo branquinho com duas manchas em forma de número oito no dorso e uma em um dos olhos. Tratava-se de mais uma das ninhadas da cadela (sem ofensa) Dorotéia e do Rusti, o casal de guaipecas do Tio Raul (Raul Pinheiro).

Os pais

A Téia era bem miúda e de cor preta, com “óculos” amarelos e rabo de toquinho. O Rusti era do Ricard (Ricardo Pinheiro) e deve ter ganho esse nome por causa do seriado Rim-Tim-Tim, cujo herói era um cachorro pastor alemão e pertencia a um guri chamado Rusty, umas das grandes paixões do Ricardo Pinheiro quando criança.
Lembro ter ouvido sempre dos adultos que as crias eram cruza de “ratoneiro” com um outro nome de raça, provavelmente uma não identificada. Mais tarde vim a saber que o “ratoneiro” não era nada mais, nada menos, do que o atual Dachsund, ou salsicha (linguicinha, etc.) como todo mundo chama hoje em dia.

As ninhadas na Casa da Tia Maria

Os cães da família eram todos importados da Serra Gaúcha. Nasciam e cresciam fortes, amamentados pela (Doro)Téia e embalados por todas as crianças presentes. A cada ninhada da cadelinha, corriam as crianças (Cláudia, Ricardo, Marcus e Cristina) para o porão a pegar os cachorrinhos no colo, sob vigilância da pequena mãezinha, que, mesmo com os olhos tristes, nunca sequer rosnou para nós. A gente passava o tempo que podia “socado”(na linguagem das mães) no porão, brincando com as crias. Dávamos nomes para cada um deles e tentávamos adivinhar como seriam quando crescessem.
Claro que essa alegria durava pouco, ou porque a Tia Maria (Maria Dirce Pinheiro) aparecia e nos convencia a largar cada uma daquelas coisinhas fofas, ou porque um dos tios surgia e – sem mais explicações – levava os filhotes para onde bem entendiam, à revelia da nossa vontade. Às vezes até abaixo de uma certa choradeira.
Aliás, um dos mais fortes argumentos que a Tia Maria utilizava para nos fazer largar os bichinhos era que eles não podiam ficar tanto tempo no colo. A causa? “Porque se não pesteia”. E se pestear, ela dizia, o bichinho morre. E quem das crianças queria que eles morressem???
Assim, convencidos e um pouco culpados, saíamos do porão daquela casa mágica, com um maravilhoso cheiro de cachorrinho novo e com algumas (nomeu caso, muitas)pulgas na roupa.

O Banzé



Em uma dessas ninhadas, veio o Banzé com seu rabo de toquinho, como a mãe, mas de cor diferente de todos os outros. Veio trazido em uma caixinha de sapato, no colo da Vera Regina, e, se bem me lembro, desceu a Serra na cabine de um dos caminhões da Rápido Girardi, direto para a Assis Brasil.
A Vó Ecilda criou o Banzé com bastante carinho e logo ele foi se adaptando à rotina da casa. Desde pequeno, era o companheiro dela. No início do dia, ele acordava na sala – o Banzé nunca dormiu na rua, como os demais cães que a família havia tido – e ficava sentado na porta do quarto da Vó e do Vô. Ali ele permanecia, de olhos fixos na Vó e no movimento repetido de suas mãos, que rezavam o terço a cada manhã. Ao final da última conta, ele corria feliz para receber o bom dia da Vó, que sempre vinha após a oração.

O Banzé foi o cachorro mais bem educado que já conheci. “Pedia” com um chorinho baixo para sair e fazer as necessidades na rua e batia com a pata na porta dos fundos para entrar de volta na casa. Inverno o verão, a rotina era essa.
Ah, não vou encerrar sem contar o banho, ensinado pela Vera com o ritual seguido à risca até a velhice do “Die do Banza” como ele foi apelidado. Ela chamava o cachorro para o banheiro (sim, o banheiro), abria a cortina do box e dizia: “Banho, Banzé”. Ele murchava as orelhas, se encolhia um pouco e andava até a muretinha. Ali ele dava uma paradinha, verificava se ninguém havia mudado de ideia e aí pulava para dentro do box. A Vera passava sabonete (de gente) nas mãos (ou xampu, ou o que tivesse por ali de mais cheiroso) e ensaboava o coitado do cachorro repetidas vezes. Na última, ela dirigia o jato do chuveirinho em todo o corpo dele e enxaguava bem, até que ele ficasse bem branquinho, todo pingando. Então ela se punha de pé, conversando com ele para que ele não se sacudisse violentamente, atirando água para todos os lados, da mesma forma que fazem todos os cachorros. Fechava a cortina do box, dizendo: “Agora pode, Banzé, agora deu”. Para a alegria da gente que adorava o banho do cachorro e ficava cuidando cada movimento, o Banzé se sacudia várias vezes, saía de lá mais sequinho. Com sorte, eu podia também ajudar a secar, o que significava pegar a toalha (dele, bem limpinha) e ficar um tempo com ele no colo, devidamente autorizado, fazendo bastante carinho.
Como o Banzé acompanhou a família durante mais de 15 anos e mora no coração de muita gente, voltaremos a ele algumas vezes nesse blog.

Foto: Marcus com o Banzé filhote no colo, em frente à vitrine decorada para crianças das Lojas Renner do Passo D'Areia.

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