quarta-feira, 9 de maio de 2012

A primeira pescaria


Traíra
O Marcus tinha por volta dos 12-13 anos, no início da puberdade e da adolescência. Foi convidado por um colega de trabalho da Maria Helena, o Sr. Orandir de Vargas, para ir com ele e uns amigos pescar em Cachoeira do Sul, onde residiam os familiares de sua esposa, Aibonez.
O Vargas, como era conhecido lá em casa, levou aquele gurizão inexperiente para aquilo que seria um marco divisor de águas na vida dele.
Segundo o que o Vargas - e o próprio Marcus - contavam entre risadas, a história da primeira pescaria foi mais ou menos assim:
O grupo contava, além do Vargas e do Marcus, com um cunhado dele (irmão da Aibonez), um amigo do Vargas, também adolescente, o Dunga (André) e mais um ou duas pessoas de lá.
Chegando lá, após as apresentações e formalidades, o grupo seguiu até a beira do Rio Jacuí, para dar início aos preparativos para a pescaria.
O objetivo era a pesca recreativa, mas, diferente dos anos que se seguiram, todo o peixe porventura pescado, era para ser limpo, dividido, preparado e levado para casa para comer, como verdadeiros troféus.
A expectativa era de se pescar traíras, carás, jundiás, piavas e outros peixes de água doce, abundantes na região.
O destaque aqui vai para a isca utilizada: minhoca. Minhocas nativas, gordinhas, rechonchudas, diretamente da terra para o anzol.
A noite já ia alta quando, após algum tempo de espera, após as lições de uso do caniço, do molinete, do manejo do anzol, das bóias e chumbadas, o Marcus precisou de reposição das iscas nos anzóis.
Pediu, esperou, recebeu o saco de minhocas para usar.
E ele ficou sabendo que a minhoca era muito pesada para ficar no anzol e não cair no lançamento de volta na água.
Foi então que ele, inocentemente, sem saber que esse gesto seria alvo de muita gozação pela vida afora, perguntou: "Cadê a faca para cortar a minhoca???".


A homarada repicou, entre risos, que a única solução era mesmo largar o nojo natural de guri da cidade e rasgar a minhoca com a mão, mesmo...

O Marcus, lógico, venceu o nojo e acostumou a mão. Virou essa que seria a primeira noite na beira do rio, ao lado do caniço.
Essa noite e infinitas outras ao longo da vida, praticando a sua arte preferida: A PESCA.

Foto: http://www.pescacomaventura.com.br/2011/03/aprenda-limpar-trairas.html e http://thehistoriador.blogspot.com.br/2011/09/os-9-trabalhos-mais-estranhos-e.html

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