sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em Santo Ângelo

Catedral de Santo Ângelo, Praça Pinheiro Machado - Fonte:  Santo Ângelo 302 anos de história

Acho que ninguém(ou muito poucos)sabe(m)que a família do Marcus morou um tempo no interior do Estado, mais precisamente na Região das Missões, em Santo Ângelo.
Em razão de uma oferta de trabalho ao pai dele, Mário Feio de Lemos, a família toda se tocou de mala e cuia para essa distância: 459 km de Porto Alegre.
Aqui no Rio Grande do Sul, antes de ser advogado, o pai dele, Mário atuou na VARIG, na área de compras, na década de 60, como Representante da Indústria de Alimentos Quaker e, muitas vezes, como vendedor.
Éramos pequenos e muito pouca coisa eu lembro em uma sequência que tenha lógica para poder contar aqui...
Sobre a mudança para Santo Ângelo, o Mário Feio e a Lena foram primeiro e, segundo minha lembrança, ficamos aos cuidados da Vó Ecilda, pela primeira, última e única vez.
Quem conhece(u) a Maria Helena sabe, ela não tinha por hábito deixar os filhos pequenos com alguém para ir fazer alguma coisa, especialmente com a Vó, a quem ela nunca queria dar trabalho. Ela sempre levava os filhos junto, ou, em caso de não poder levá-los, simplesmente deixava de ir.
Depois de terem encaminhado tudo por lá, voltaram para nos buscar.

A viagem a Santo Ângelo

Recordo que embarcamos à noite em um fusca branco e que pegamos a estrada. O Marcus com cerca de 6 anos e eu com 3, mesmo vestidos e com calçados nos pés, ganhamos nossos travesseiros e uma coberta por cima. Assim, acomodados, pegamos no sono confortavelmente lado a lado, dormíamos boa parte da viagem deitados de todo o comprimento no banco de trás.

Duas coisas que mais marcaram aquela viagem, e outras que fizemos de Porto Alegre a Santo Ângelo, foram o tempo da viagem (uma eternidade!) e as marcas da terra vermelha nos vidros do fusca.
Quando chovia, então, o carro começava a derrapar e dançar a parte traseira, enquanto espirrava para todos os lados aquela massa vermelho. Essa era a visão que eu tinha da viagem: o vidro traseiro do fusca no fundo escuro da noite, e a camada grossa de barro vermelho do lado de fora.

Não sei muito bem o tempo que a família passou por lá, imagino que chegou a um ano, talvez um pouco mais.
Foi a única vez em que a família Feio de Lemos morou em uma casa tão bonita e tão grande. Era uma casa chique, com dois andares.
Mais do que isso: era uma bela casa com sacadas, jardim e pátio. Foi a oportunidade em que a Lena e o Mário puderam oferecer um quarto individual para cada um dos filhos.

Foi nessa fase da vida do Marcus que ele conheceu o amigo que mais marcou a infância dele, o Aramin. Marcou a tal ponto, que depois de adulto, pesquisou na internet e tornou a voltar a Santo Ângelo algumas vezes, em busca de retomar aquela amizade que ele prezava tanto. Sobre o Aramin e sobre esse encontro, vamos contar em outro momento.

Foto da Lembrança Escolar do Marcus, tirada na Escola em Santo Ângelo, 1971

Neste, voltemos ao fato de que lá o Marcus iniciou a vida escolar. Lá ele vestiu o uniforme da escola pela primeira vez (foto) e, de lá ele tinha uma recordação que conto agora:

Como em todas as cidades pequenas, existia uma praça no centro. E em torno dessa praça, aos domingos, passeavam as famílias para sua distração. Passeavam a pé e bem vestidos os moradores, moradoras e crianças, alguns por ali até passeavam de carro.
O Marcus tinha uma lembrança muito forte desse período em que vivemos lá em Santo Ângelo.
Ele já era um menino e possuía o seu próprio círculo de amigos, frequentando o jardim de infância e achava legal também fazer aquele trotoir na praça, aos domingos, para ver e ser visto.
Do que ele nunca mais esqueceu, e quem conviveu com ele pode imaginar o quanto isso pode ter sido marcante, foi que, apenas durante aquele (curto) período, em toda a sua infância, que os passeios puderam ser a bordo de um carro.
Ele era um dos poucos guris que tinham carro e (olha só), ele me disse que tinha o maior orgulho de ver a mãe dirigindo! Achava chique ter uma mãe motorista, diferente das outras.

Foto: Santo Ângelo 302 anos de história
Foto da colunata da Catedral de Santo Ângelo, Praça Pinheiro Machado, de Ander Vaz

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