No início dos anos 80, o Marcus deu a grande virada da vida dele. Trabalhava desde os 13 anos e estudava à noite (estas histórias, relacionadas ao início da vida profissional do Marcus, contaremos depois nesse blog).
Já havia concluído o segundo grau (era assim que se chamava o Ensino Médio)e pegava o ônibus todos os dias para cumprir expediente na empresa Pampa, Exportadora e Importadora, ali na Farrapos, quase esquina Sertório. Aliás, ele enchia a boa para dizer o nome da empresa, orgulhoso que era de trabalhar num lugar grande e luxuoso (para os nossos padrões).
Havia começado a se vestir melhor e a conviver com outros tipos de pessoas, na rotina do escritório. Foi nessa empresa que começou a ganhar os primeiros "tickets restaurante" para alimentação de que se teve notícia na nossa família.
Na época, eram "coupons" e, sinceramente, representavam muita grana para a gente.
A verdade era a de que ele fez um exame médico antes de ingressar na empresa e ficou sabendo que tinha um sopro no coração. a partir daí, passou a seguir alguns conselhos do cardiologista e deu início a uma das primeiras dietas de que me lembro na nossa família. Assim, a Lena cozinhava toda a comida dele, separava as saladas e frutas e montava a vianda que ele levava todas as manhãs.
Mas aí todo mundo pensa: e o Coupon Restaurante, cadê? Bem, como vocês que conheciam o Marcus devem imaginar, ele economizava bastante.
Segurava os tickets o mês todo e, ao final, juntava tudo e saíamos todos para jantar fora. Era uma verdadeira curtição em família.
Ah, nas viandas do Marcus que a Lena arrumava, lembro de um detalhe interessante, coisa de mãe, mesmo. Para que a salada de folhas frescas e tomate (sempre) não murchasse, a Lena fazia um molhinho com os temperos que ele gostava: sal, vinagre e azeite, colocava num tubinho pequeno (de remédio homeopático em bolinhas que sempre tinha lá em casa) e acondicionava bem no canto da vianda. Quando ele ia esquentar a comida e fazer a refeição, podia apenas sacudir e misturar os ingredientes e despejar na salada, recém-temperada, ao gosto dele. Legal, né? Desse jeito ele comia certo e a gente ainda podia comemorar no final do mês saindo todos juntos.
Foi a partir desse momento e daí para sempre, que o Marcus foi apresentado a restaurantes. O primeiro e mais duradouro, foi a churrascaria "Bom Gosto".
Desde a primeira refeição que o Marcus fez lá, numa festa de colegas da Pampa, ele não parou mais de retornar, como todo bom canceriano, fiel aos seus gostos.
Quem conviveu com o Marcus e teve a honra de ser convidado alguma vez por ele para ir jantar, pôde ver como ele cresceu e viveu como cliente vip daquela churrascaria, localizada na Rua Dr. João Inácio, 905 ou 917, Zona Norte de Porto Alegre.
Esse blog pertence a todos os que amam o Marcus e sentem muita saudade. O espaço está aberto a aqueles(as)que viveram, conviveram e têm experiências para contar, para dividirmos juntos a alegria e o privilégio de termos estado com ele. Escrevam para a gente para que, juntos, possamos diminuir um pouco o imenso vazio que ele deixou. Contato e histórias para: marcusfeiodelemos@gmail.com
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