sábado, 28 de maio de 2011

O Foto Nick e o Bebê fofo que era o Marcus


Quem era do bairro sabia: fotógrafo bom era aquele do fim da linha(do bonde), no IAPI. Mesmo aqueles que vieram depois, já na era dos filmes coloridos e das máquinas fotográficas KODAK que cabiam no bolso conseguiram conviver com ele. Aqui, em um dos cenários mais conhecidos da família Pinheiro e dos Feio de Lemos, está uma pose do Marcus, com 5 meses de vida, no Foto Nick. Sem me esforçar muito, consigo lembrar de mais uns 3 ou 4 primos fotografados nesse estúdio, vestindo as melhores roupas e captados em preto & branco, lembranças para a posteridade.

O irmão do Gilson


Naquela nossa primeira casa, o apartamento da Travessa Jaguarão, havia um vizinho, um menino, amigo do Marcus, que frequentava a casa e de quem ele gostava muito, o Gilson. Foi um amigo do qual guardou memórias pela vida toda.
Parceiro desde os primeiros dias e companheiro de brincadeiras, o Gilson foi alguém que eu não conheci, mas de quem o Marcus tinha recordações incríveis.
Aliás, o Gilson tinha um diferencial: um irmão menor.
Aí é que está o grande lance: o irmão do Gilson.
Esse irmão também vinha lá em casa e participava das coisas que eles faziam. O irmão do Gilson brincava junto com eles. Segundo lembrava, era muito legal.
Aí, o destino pregou uma peça no Marcus: a Lena engravidou.

Na foto está o Marcus, feliz - sem camisa - com uma bola nova no quarto e 3 anos e meio de idade, isto é, foi bem nesse periodo em que a história da gravidez da Lena entrou na vida dele.
As explicações que vieram foram tais que a ideia de que uma criança estava sendo gerada lá na barriga da própria mãe, foi bem recebida, dentro de uma grande expectativa.

No fim daquele verão, mais precisamente no dia 26 de março, a mãe foi levada ao hospital.
O Marcus lembrava muito bem dos dias em que a mãe foi “buscar o maninho” no hospital, pois foi uma das poucas vezes em que ele ficou sozinho em casa só com o pai, Mário Feio.

Alguns dias depois, ela voltou. Ver a Lena foi uma grande alegria.
Afinal, a mãe havia voltado, agora ele também teria um irmão para brincar e tudo voltaria a ser como era antes.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Festa na casa dos Pinheiro. Casamento da irmã mais velha da Lena, madrinha do Marcus

Da esquerda para a direita: Rui Pinheiro e Clarice, os noivos Sônia e Osmar, a Lena (linda, com 16 anos) e o Godinho e namorada. Abaixo José Eli - padrinho de casamento e o filho José Eli Júnior, 18/04/1959
O ano era 1959, o mês era abril. A casa dos Pinheiro se abriu em festa para o primeiro casamento da família. A mais velha das três irmãs formalizava seu enlace com o noivo Osmar. Ainda não entrevistei a Sônia para buscar mais detalhes do acontecimento, tempo de namoro, noivado e tal. Invisível na foto, nem presente na barriga ainda, estava a Rose, trabalhando para que tudo acontecesse e ela pudesse vir ao mundo, dali a dois anos, exatamente, em abril de 1961.
Na foto está a Maria Helena Pinheiro (a Lena, mãe do Marcus) no frescor dos seus 16 anos - só completaria 17 anos em outubro.  Estão também o Rui e a namorada Clarice, que viria a ser sua esposa e mãe do Celso André Pinheiro, logo em seguida. Escondidos lá por dentro e tratando de atender a todos na festa estão o Seu Joventino e a Dona Ecilda, donos da casa e primeiros na linhagem.
E não dá para dizer que o Marcus não estava também trabalhando por aí, pois é sabido que os noivos tiveram sua residência na Rua Morretes, ali, bem na dobrada da esquina da Assis Brasil e foi ali, naquela sala e naquele sofá que o Marcus viria a ser encomendado...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Soninho da tarde no apartamento da Travessa Jaguarão


A Lena sempre deu muita vida a essa foto. Ela dizia que o Marcus estava muito lindo e lamentava o fundo escuro.

Todo mundo sabe que o Marcus não gostava muito de dormir. Sempre pulou da cama cedo.
Cedo? Não.
Pulava da cama antes que o sol nascesse, de preferência. Marcar um encontro, um compromisso ou um horário com ele era ter a certeza de que ele chegaria uma hora antes, no mínimo.E já estaria bastante irritado quando alguém, não tão pontual, chegasse 10 ou 15 minutos depois da hora marcada...
Bem, o que vamos contar aqui e com essa foto do berço dele no apartamento da Travessa Jaguarão é sobre o soninho da tarde. É normal aos bebês dormirem bastante. Mesmo após os dois, três anos, um soninho para crescer é uma boa pedida.
O Marcus me contou, mais de uma vez, que a Lena – provavelmente bem cansada do serviço da casa – deitava com ele para o soninho da tarde.
Ele lembrava que a Lena pegava no sono, ele não. Talvez tivesse muita pressa para viver. Não dormia, ficava quietinho ali, ao lado dela, até ter certeza de que ela dormia mesmo.
Então, levantava devagar e ia até o parapeito da janela – do terceiro andar, acho – e sentava ali. Isso mesmo, sentava como se fosse um cavalo, uma perna para fora, outra para dentro e cavalgava sozinho, sonhando acordado com as pessoas que caminhavam lá fora, na calçada.
Quando a Lena estava se acordando, ele voltava para cama ou para o chão, para brincar, sozinho e em silêncio. A mãe nunca viu nada, nem suspeitava. O guri, no dia seguinte, fazia tudo de novo.
E o perigo ia aumentando.
Ele contava que um dia, no meio de toda essa aventura ligada à janela e ao seu cavalo imaginário, ele acabou pegando no sono. E descrevia o sonho como se tivesse acontecido ontem. Aliás, o Marcus tem (tinha) uma memória... O sonho que ele me contou era isso: ele saía da cama, sentava na janela e colocava a perna para fora, começava a cavalgar e... caía. Caía mesmo.
No sonho ele caía de um modo tão assustador que ele, mesmo criança, entendeu o recado do perigo que vinha correndo todas as tardes. E, segundo ele me contou, bem sério, nunca mais sentou na janela do terceiro andar para montar a cavalo enquanto a Lena dormia...

Pátio da casa da Vó, jogando bolinha de gude... Dá para ver o inhaque da Rose?


O Marcus foi o terceiro neto na linhagem dos Pinheiro. A primeira neta da Dona Ecilda foi a Rosemary Pinheiro Kern.
Foi a primeira que nasceu, em abril de 1961, filha da Sônia Maria Pinheiro Kern e do Osmar Kern. Era afilhada da Lena (mãe do Marcus) e teve de esperar três longos anos até que ele nascesse, em junho de 1964.
A Rosemary (e ela gosta de ser chamada de [rosemarí] assim, com acento no "i"), não foi apenas a primeira na cronologia. Era a primeira no coração da Dona Ecilda também... a queridinha da Vó, embora as duas negassem isso a vida toda...
Mas isso é outra história!

O segundo neto foi o Celso André Pinheiro, filho do Rui e da Clarice Pinheiro, mas a proximidade da casa da Lena ou a magia da casa dos avós, fez com que a presença dos filhos da Lena na casa da Dona Ecilda fosse muito mais frequente que a dos demais.
Era uma rotina simples a da Maria Helena nesta época: moravam no apartamento, ali na Travessa Jaguarão, no Passo D'Areia (a primeira casa do Marcus) e vinham cedo para a casa da vó. Iam pela rua a Lena e o Marcus, normalmente de calçãozinho curto, feito em casa, e sem camisa, a pé e de mãos dadas. O Marcus, segundo me contou a Lena, certa vez, quando passava por uma fruteira que ficava no caminho, sempre pedia "Mãe, dá uma maçã?"
Mas eram tempos difíceis. A Lena nunca tinha o dinheiro para comprar... e, se acaso tivesse, não poderia se dar a esse luxo.
Todos os dias. Daí, já viu, né?
Passar ali e explicar a situação para o pequeno Marcus que, acho, nunca esqueceu a importância de uma maçã. Uma vez ele me contou que lembrava perfeitamente disso e que ia embora pensando no gosto que deveria ter aquela fruta... aquela ali que ficava exposta.
A Lena contava que uma moça que trabalhava ali ficava na porta, olhando aquele bebê (lindo, segundo a mãe)passar sem camisa, todos os dias e ficava admirando o guri, que pedia - e não chorava quando ouvia um não. A moça chegou a apelidar o Marcus de "o homem que não usava camisa"...

Por fim chegavam lá no numero 911 da Assis Brasil e cenas como a da foto eram comuns. Na foto, a Rose e o Marcus jogam bolinha de gude no fundo da casa da vó. Ao fundo, como não poderia deixar de ser, uma casa de cachorro, uma presença constante lá e que nos acompanhou por toda a infância. Não sei quem era o cão dono da casa, vou precisar da ajuda dos mais velhos, ou "da mais velha", no caso, a Rose (hehehe).
Continua depois...

domingo, 15 de maio de 2011

A primeira viagem de avião da Lena e “Minestrone”

Avião bimotor Electra, da VARIG, levou a Lena até o seu destino
Após a confirmação do convite e a garantia do amigo Beneamin* (sic) de que a casa do amigo Mário Feio em Fortaleza era a de uma família respeitável, a Lena se preparou para atravessar o país e viver a sua história de amor.
Trabalhou muito e gastou pouco durante meses, até juntar o dinheiro necessário para as passagens. Não sei dizer exatamente em que dia e em que mês do ano de 1963 foi a viagem, apenas sei que a Lena embarcou seus sonhos e toda a sua curiosidade em um avião bimotor da VARIG, um electra.
No caminho, como dissemos antes, houve uma descida no Aeroporto de Brasília.
Depois de algum tempo, os passageiros do Voo VARIG foram avisados de que, por razões técnicas, deveriam passar a noite em um hotel, às expensas da companhia, e tornar a embarcar novamente com destino a Fortaleza no dia seguinte. 
Naquela época, a recém inaugurada Capital Federal estava ainda encoberta por terra vermelha e com a presença do exército nas obras, porém, esbanjava glamour e tudo era novidade.

Talvez tenha sido a primeira em vez que a Maria Helena Pinheiro dormiria em um hotel, ainda mais tão longe de casa.
Seguramente era a primeira vez em que estava hospedada em um quarto de hotel com tanto luxo.
Com todas as despesas pagas, a Lena se viu diante de uma situação inusitada: o cardápio para escolher o jantar.
Essa história ela me contou rindo muito.
Havia muita coisa escrita naquele menu, muitos nomes de pratos, a maioria em língua estrangeira.
Ela, claro, teve vergonha de perguntar o que eram. Leu uma, duas vezes o cardápio e encontrou escrita a palavra “Minestrone”. 
Parou e pensou que era alguma coisa chique, boa de se comer, afinal. Chamou o garçom, uniformizado e formal e disse: “Para mim, Minestrone”.
O garçom retornou um tempo depois, tempo suficiente para a Lena, com fome, imaginar que coisa gostosa estaria saboreando dali a pouco.
Quando abriu a tampa sobre a bandeja, ela descobriu o que havia pedido e saboreou, sem outra alternativa, Minestrone, ou seja, sopa de feijão
E a futura mãe do Marcus e da Cristina seguiu viagem para o Nordeste no dia seguinte, pronta para conhecer seu admirador das cartas e dar início a nossa história.

Lena deixou admiradores por aqui


Desprezando pretendentes por aqui, a Lena decidiu que era melhor viver o sonho e a curiosidade de se enamorar por alguém que não conhecia.
Por aqui havia alguns que ansiavam por um sorriso, um olhar mais demorado, qualquer coisa.
Na casa do seu Joventino e da dona Ecilda, circulavam rapazes de várias idades, “amigos dos guris”, como ela me dizia.
Namorados ela não teve muitos e nisso a Sônia poderá nos ajudar um dia. Registros temos muito poucos. Muitos permaneceram amigos a vida toda, outros nem tanto.
Dentre os amigos do Raul Pinheiro, havia um que nunca foi namorado, mas foi igualmente importante: além de se tornar amigo dela e da família toda - foi quem ensinou Contabilidade e o primeiro empregador da Lena, o Felipe (Idelmar Felipe Albrecht).

Dentre os amigos do Saul Pinheiro, dos quais eu sempre ouvi histórias a vida toda, estavam o Beneamin* (sic), o Iedo e o “Polaco”.
O Beneamin*(sic) foi o responsável pelo relacionamento.

O Iedo foi um namorado da Lena que, dizem os que viram, virou um admirador para sempre.
O José Dias (o Zé Dias), que viria a ser o meu padrinho de batismo, não sei quase nada, além do fato de que ele era bonito, negro, militar, alegre e companheiro e, lógico, que foi loucamente apaixonado pela Lena. Não sei sequer amigo de qual dos irmãos ele era, para ser convidado a visitar a casa dos Pinheiro lá no IAPI.
Outro que eu soube que amou a Lena sinceramente, mas nunca foi correspondido, foi o Polaco. Sobre este, parece que o nome dele era “Angelino”*(sic), eu sei que ele serviu o Exército com o Saul, que nasceu e viveu na Glorinha e que foi caminhoneiro.
Histórias com o Polaco ainda vamos contar outras, pois há diversos momentos da vida do Marcus que se passaram na Chácara dele, com a presença da Vilma, esposa dele, do Rogério e dos outros filhos.
Lena e o namorado Iedo no balanço, no pátio de casa

sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 anos depois...

Na década de 70, quando a família Feio de Lemos morava na Rua Júlio Verne, o Mário Feio decidiu que  a vida de marido, de pai de família e de viajante não exatamente era aquilo com o que ele havia sonhado desde "rapazote" (como ele diria). O fato é que ele se cansou de toda essa rotina enfadonha e, numa manhã do inverno, acordou, levou a filha menor, Cristina, ao Colégio Júlio Grau, para mais um dia no jardim de infância e seguiu para trabalhar.
E nunca mais voltou.
Nem para buscar suas roupas, nem para visitar os filhos, sequer para contar a sua versão da história.
Lembrando do Marcus e do seu jeito sisudo como pai, dá para imaginar o estrago que essa atitude fez na personalidade dele.
Aquele pai amigo, que inventava grandes empreitadas em construir minuciosamente as pandorgas, nas noites de verão, que assava um ou outro churrasco com a maior lentidão desse mundo e que enchia o prato de pimenta a cada refeição, se foi.
Não era uma viagem, das muitas que ele fez em toda a vida da família Feio de Lemos. Não era uma ausência pequena, nem um até logo. Foi um adeus, só que sem nenhuma despedida.
Num certo momento, quando o Marcus conversava comigo (na empresa que ele comandava, a SPASSO - essa é outra história), nos idos de 1991, comentou que foi essa a maior indignação dele com o Mário: o fato muito simples de ele não ter tido o cuidado de olhar na direção dele (filho) e ver o quanto isso afetaria a vida de um menino de 11 anos...
Não foi sem antes deixar a única e decisiva marca que nos perseguiu (a nós, os filhos do casal) durante anos. Numa discussão com a Lena, no calor do momento, entre muitos dos argumentos que ela tentava usar para dissuadí-lo de abandonar a família, ela perguntou: "Mas Mário, e as crianças?" e ele respondeu indignado "Bota num orfanato!".

Esse foi um dos - poucos - detalhes acerca do casamento de tantos anos que a Maria Helena contou para nós, ou para mim, pelo menos.
E esse é o relato da dolorosa separação do casal que se casou de modo tão pomposo em 1964.
Logicamente que a Vera deve saber muuuuuito mais, mas, por fidelidade,  nunca nos contou.
A Sônia também deve saber mais. Todos souberam muito tempo depois.

A necessidade já havia entrado na casa da família, a fome e a falta de emprego - e de salário -  vinham assombrando o casal há meses (anos talvez, eu nunca soube).
Os aluguéis da bela casa de dois quartos na Júlio Verne, com pátio, 2 cachorros e com vizinha nos fundos, estava atrasado há mais de 6 meses.
 E dessa forma, com muita vergonha da situação de separada, a Maria Helena ganhou o mundo a procurar emprego, depois de mais de 12 anos sem trabalhar fora de casa.

Foi, saiu a pé. A pé e de chinelos de dedo da marca Havaianas (seu único calçado). Passou a sair todas as manhãs a procurar um sustento para os filhos e para colocar, como ela dizia anos depois "pelo menos um grão de arroz nas latas".
Sem roupas novas para melhorar a apresentação, carregando o peso de não contar toda a verdade a quem ela se apresentava, encontrou um modo de se sustentar. Primeiro, conseguiu umas "escritas contábeis" para fazer em casa, depois na Metalúrigca Aço Técnica (na Av. Polônia) e, depois, na Lideroil do Brasil Ltda. (primeiro na 7 de abril, depois na fábrica de Gravataí e na Santos Dumont, em Porto Alegre).

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O casório se deu na Igreja São João, Passo D'Areia

História do bairro Passo D`Areia

PASSO D’AREIA Bairro da zona norte da cidade, faz limites com os bairros São João e Higienópolis ao sul, e Cristo Redentor ao norte. Foi delimitado e oficializado pela lei municipal nº 2022 de 07/12/1959.
A história do Passo d’Areia está ligada ao desenvolvimento industrial e à urbanização de Porto Alegre, que se expandiu para a Zona Norte da cidade. Até a década de 1940, a população do bairro era escassa, e havia poucas casas ao longo da antiga Estrada do Passo d’Areia (parte da atual avenida Assis Brasil).
No início do século XX, o desenvolvimento em ritmo lento era uma característica comum dos arrabaldes mais distantes do centro da cidade, sobretudo em função dos transportes, que eram puxados por tração animal.
A implantação do transporte coletivo no final do século XIX, cujo terminal era junto à Igreja São João, motivou a ocupação da região. Mas, foi a partir de 1941 que o povoamento do bairro tornou-se mais efetivo: alguns autores destacam a enchente ocorrida naquele ano, como elemento motivador da ocupação das áreas livres das cheias dos arroios que percorrem Porto Alegre.
A construção da Vila dos Industriários – IAPI – com início das obras em 1946, sem dúvida mudou a configuração do bairro, no que diz respeito à urbanização. Projeto moderno e inovador para época, o Conjunto Residencial do Passo d’Areia tinha por objetivo atender às demandas de moradia para os trabalhadores das indústrias. Construído em uma área de 67 hectares, o empreendimento aumentou bastante a população do bairro, além de trazer melhorias na infra-estrutura, como transportes, água, energia elétrica e coleta de lixo.
Quanto às associações, situa-se no bairro o tradicional Sport Club São José, fundado em 1913. Outra entidade de representação no bairro é a Escola de Samba da União da Vila do IAPI, considerada a mais simpática do carnaval porto-alegrense. A escola foi fundada em 1980, e contou, entre seus fundadores, com antigos participantes do grupo humorístico “Os Tesouras”, que agitava a festa carnavalesca, quando ela acontecia nas ruas do bairro. As opções de lazer na região são variadas: há praças arborizadas, cancha de bocha, quadra poli-desportiva, o Largo Elis Regina e o Estádio Alim Pedro, bastante freqüentado pelos jovens do bairro e arredores. Nos limites ao norte do Passo d’Areia, está o Shopping Center Iguatemi, inaugurado em 1983, bem como o Bourbon Country, inaugurado em 2001. Atualmente, o Passo d’Areia é uma zona independente do centro da cidade, numa mistura de características residenciais e comerciais, possuindo algumas indústrias e dispondo de comércio e serviços variados, como escolas de ensino fundamental, médio e superior, que atendem tanto os moradores do bairro como dos arredores.

Referências bibliográficas: FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. 2º edição. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1992. MAIA, Sandra. Escolas de Samba e tribos do carnaval de Porto Alegre. Prefeitura Municipal de Porto Alegre/SMC, 2001. NUNES, Marion Kruse et all. Vila do IAPI. Porto Alegre: Unidade Editorial da Secretaria Municipal da Cultura, 2000. (Memória dos Bairros) SANHUDO, Ary Veiga. Porto Alegre: Crônicas da Minha cidade. Porto Alegre: Editora Movimento/Instituto Estadual do Livro,1975.

Fonte: Observatório de Porto Alegre

domingo, 8 de maio de 2011

Em 23 de Junho de 1964, nascia o Marcus

 
Marcus com um aninho, da Foto Nick, ali no fim da linha do bonde
O Marcus adorava esta foto.
Gostava tanto que mandou fazer o negativo a partir de um poster e reproduziu muitas vezes. Estava em quase todas as pastas e recordações dele sobre a infância. Não há muitas fotos do Marcus nenê e dessa primeira fase da vida. Fotos eram coisas caras, que exigiam a posse de uma máquina, dinheiro para o filme e, como se não bastasse, ainda mais um pouco de dinheiro para a revelação. Dessa primeira infância e, em ocasiões especiais, quase todos os nenês da familia nesta época tinham as suas fotos batidas ali no"fim da linha", como se chamava aquele recanto do bairro lá na vó. O fim da linha do bonde, no prédio que fica no encontro da Rua Brasiliano Índio de Moraes com a sequência da Assis Brasil e a Emílio Lúcio Esteves. É, isso mesmo, ali no prédio onde depois abriu o "Dália" (posto de revenda de fiambres da Cooperativa Languiru). A gente subia a escadinha e chegava no fotógrafo mais popular na família.
O fato é que ele era uma criança muito bonita. Segundo a Lena, ele era lindo. Lindo e sério. Reservado, como seria em quase toda a sua vida. 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A casa dos Pinheiro em Porto Alegre

Um dos capítulos marcantes da história do Marcus e de toda a família, se passa, sem dúvida, na casa da foto, na Avenida Assis Brasil nº 911.
Vindos de Caxias do Sul e indo morar em um primeiro momento lá na São Manoel, perto da Veador Porto e do Colégio Apeles Porto Alegre (onde a Lena iniciou os estudos), a família veio para a Zona Norte.
Cabe ressaltar que, naquela época, no início da década de 50, o então Presidente Getúlio Vargas deu início a um loteamento de casas e de apartamentos para moradia de trabalhadores - a Vila IAPI.  Nosso avô, Joventino Pinheiro, com muitos filhos (foram 9 no total) em conversa com o cadastramento para se candidatar às casas, recebeu  informação de que aquela, a de número 911, havia sido o protótipo, ou seja, o modelo de construção para todas as outras da vila, com o porém de que, segundo o rapaz, não havia previsão de garagem, na prática, nenhuma entrada para carros. Meu avô reagiu rapidamente: "Eu nunca vou ter carro mesmo".
E assim recebeu suas chaves da casa, pelo critério incrível nos dias de hoje: devido ao número de filhos que possuía. Aquela casa maravilhosa, com uma metragem lateral que beirava os 50 metros e onde muitas histórias podem e virão a ser contadas por aqui, entrou na família dos Pinheiro.
Na foto, já envelhecidos, estão a D. Ecilda, o seu Joventino e o mais famoso mascote da família, o Banzé. Sobre esse cão na vida do Marcus, contaremos várias histórias neste blog.

O primeiro encontro da Lena e do Mário, em Fortaleza

Uma vez o Mário Feio de Lemos (também meu pai) me relatou o primeiro encontro pessoal que ele teve com a Lena, Maria Helena Pinheiro. Como vocês já sabem, ele morava em Fortaleza, a Lena morava aqui, no IAPI, na Av. Assis Brasil, 911, Porto Alegre.
Após algumas cartas, surgiu a oportunidade de viajar ao Nordeste e lá foi a Lena, com uma curiosidade imensa no peito e muita vontade de ver o mundo. Voou via VARIG, com escala em Brasília, capital recém inaugurada do Brasil (esta aqui rende uma outra história) e desceu no Aeroporto de Fortaleza, onde embarcou em um carro, se não me engano, um Aero Willys 1963, o "carrão" da época, segundo ele.
Um aero willys 1963 trouxe a Lena até a casa do Mário, em Fortaleza
Com a cara mais sem vergonha do mundo, ele me contou que, quando a porta se abriu toda e a Lena - de vestido e bem acinturado - se virou para descer, entre os tecidos ele teve uma "visão do paraíso" (palavras dele), ou seja, viu a beleza das pernas e entreviu um pouco as coxas da Maria Helena.
Nesse momento, ele contou com os olhos brilhando e sem arrependimento, ele decidiu que queria "que ela fosse dele".
Porém, com uma coisa simples o Mário não contava: para isso, só casando!
Ocorre que, para que isso acontecesse, seria necessário muito esforço da parte dele. Nosso pai estava acostumado a uma vida de playboy, filho da D. Christal (agora viúva) e do Sr. Wilson Fonseca (não tenho bem certeza), gastando bastante dinheiro e sem maiores preocupações.

Bem, o fato é que, se algum rapaz quisesse "ter" uma das filhas do Joventino Pinheiro, ilustre (e humilde) trabalhador da Empresa Zivi Hércules, teria sim de sair de sua confortável situação e vir até o Sul pedir a moça em casamento.

E foi assim que ele fez. Depois de muitas cartas e de muitas promessas no papel, ele teve de voar até Porto Alegre para dizer ao seu Joventino o que queria.

domingo, 1 de maio de 2011

O começo de tudo...


Mário Feio de Lemos, aquele que viria a ser o Pai do Marcus
 Este é o começo da história e começa alguns anos antes do Marcus nascer. Conta um pouco da (nossa) história e dos movimentos que o universo fez para que o Marcus nascesse.

Maria Helena Pinheiro, a irmã do meio dos 9 filhos da Dona Ecilda Flores Pinheiro e do Seu Joventino "Zito" Pinheiro era jovem e bonita. Comos os demais irmãos, 6 homens (Raul Pinheiro, Saul Pinheiro, Rui Pinheiro, José Jones Pinheiro, Roberto Pinheiro e Renato Pinheiro) e 2 mulheres (Sônia Maria Pinheiro e Vera Regina Pinheiro), trabalhou desde guria. Aos 13 anos, a Lena já trabalhava no escritório de Contabilidade do Idelmar Felipe Albrecht, na esquina da Avenida Brasil com a Benjamin Constant.

Maria Helena, aqui com 13 anos, um dia viria a ser a Mãe do Marcus

Dentre aqueles que frequentavam a casa da Dona Ecilda, estava um grande amigo do Saul, funcionário da VARIG, Beneamin *(sic), o qual viajava pelo país e trazia histórias para contar. Numa dessas andanças pelo Nordeste, mais precisamente em Fortaleza, no Ceará, conheceu um rapaz de vinte e poucos anos, filho de Christalina Lemos e de Mário Feio de Lemos, aquele que viria a ser o pai do Marcus um dia, Mário Feio de Lemos Júnior.
Uma vez estimulada a curiosidade dos dois jovens a respeito de um e do outro, passaram a se corresponder e, da troca de cartas, veio a necessidade de se conhecer. Assim, das economias da Lena saiu a passagem aérea até Fortaleza (embarcada no duas hélices Elektra - mas essa é outra historia) e, mesmo tendo nascido em diferentes extremos do país, iniciaram o namoro.
O ano era 1963 e, numa das visitas do Mário Feio ao Rio Grande do Sul, mais precisamente no apartamento da Morretes onde moravam a Sônia, o Osmar e a Rosemary (aqui também rende uma oooooutra história), ficou traçado o destino da Lena e do Mário e, num encontro mais tórrido, Deus disse: FIAT MARCUS.